Decorreu na quinta feira passada a 1ª conferência do ciclo subordinado ao tema "A Cidade no Séc. XXI".
O primeiro conferencista, Sir Peter Hall, é um conceituado geógrafo e urbanista, reconhecido internacionalmente como uma autoridade em assuntos relacionados com a gestão das cidades nomeadamente nas áreas económicas, demográficas, culturais, planeamento e reconversão/regeneração de zonas urbanas.
É autor de importantes obras nesta matéria, destacando-se as mais recentes:
- Sociable Cities (co-autor)
- Technopoles of the World: The Making of 21st-Century Industrial Complexes
- Cities of Civilization: Culture Technology and Urban Order
Próxima conferência: 11.11.2008
Tema: Cidades, Comunidades e Invenções do Futuro – Realidades e Utopias
Conferencista: Luís Vassalo Rosa
Metrópoles europeias do futuro terão que apostar num formato ecológico, artístico e criativo que lhes dê vida.
Catarina Pinto, Público
Urbanista inglês Peter Hall desafiou os jovens a responder ao aquecimento global e a inventar uma profissão na área do urbanismo.
As cidades ecológicas, ditas ecocidades, e a criatividade são dois elementos que, para o urbanista britânico Peter Hall, desenharão o futuro das metrópoles da Europa. Numa conferência, anteontem à noite, no Pavilhão de Portugal do Parque das Nações, em Lisboa, inserida no ciclo A Cidade no Século XXI, o especialista em Urbanismo revelou a sua previsão: criação de ecocidades como extensão das metrópoles já existentes e a aposta na imaginação, na arte e na criatividade para "dar vida à cidade".
Na primeira de seis conferências, pretendia-se um olhar sobre o futuro das cidades europeias. Peter Hall acabou por conduzir o olhar dos que assistiam não pela Europa, mas pelo mundo. E, em vez das previsões, apostou nas receitas: "Redesenhar estruturas em resposta ao aquecimento global", apostar numa rede de transportes públicos de alta qualidade, colocar a imaginação e a criatividade ao serviço da metrópole e tratar questões de coesão social.
A intervenção de Peter Hall viajou por aeroportos, mas demorou-se nas estações de comboio, destacando a importância que a rede ferroviária de alta velocidade vai ter na dinâmica das cidades. Encurtar-se-á, assim, a distância entre os diferentes países da Europa. "Em certas cidades, as estações de comboios estão a ser construídas como um agente de regeneração", adiantou, uma vez que os centros tendem a desenvolver-se à volta delas.
As viagens foram, de resto, tema corrente na conferência. Apesar de sermos constantemente aturdidos com anúncios sobre a informação tecnológica, que nos fazem pensar que é possível trabalhar sem sair de casa, a verdade é que, segundo um estudo francês citado pelo conferencista, o aumento das telecomunicações é paralelo ao aumento das viagens. Isto leva Peter Hall a acreditar que "há algo de especial na comunicação cara a cara", porque, apesar de vivermos na era da tecnologia, a presença frente a frente não parece querer dissipar-se.
Para incentivar a economia e o turismo, o urbanista destacou a opinião de Richard Florida, que pensa na criatividade e na imaginação como motores para dinamizar as cidades.
Antes de se falar no futuro, deteve-se no passado e no presente, enfatizando diversos problemas que afectam as cidades e que podem acentuar-se: a elevada taxa de dependência dos não-trabalhadores face aos que trabalham, a imigração, o crime organizado e o envelhecimento da população são alguns deles.
Mas o urbanista não tem as respostas todas. Sabe que as ecocidades do futuro têm que ser servidas por uma rede de transportes públicos de alta qualidade. Sabe que pôr de lado o carro e aprender a viver sem ele pode ainda não ser o presente, mas terá de ser o futuro. O que não sabe é como se podem unir e articular todas estas receitas na prática. Por isso, lança um desafio aos mais jovens: "Precisamos de uma nova profissão na área do Urbanismo que ainda não foi inventada". (...)
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